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A água é tão fria
Como pode a gaivota
Adormecer?
Matsuo Bashô - "O Gosto Solitário do Ovalho"
“Uma boa prática consiste em perguntares a ti mesmo com toda a sinceridade: “Porque nasci?” Faz a ti mesmo esta pergunta três vezes por dia, de manhã, à tarde e à noite. Interroga-te diariamente.
O Buda disse ao seu discípulo Ananda para ver a impermanência, para ver a morte em cada respiração. Temos de conhecer a morte; temos de morrer para viver. O que significa isso? Morrer é chegar ao fim de todas as nossas dúvidas, de todas as nossas questões, e limitarmo-nos a estar aqui com a realidade presente. Não se pode morrer amanhã, tem de se morrer agora. És capaz disso? Ah, que tranquila, a paz que acompanha o fim das perguntas.”
Achaan Chah – “Uma Lagoa Tranquila na Floresta”
Foi com agradável surpresa que, ao adquirir a revista do mês de Fevereiro da National Geographic, encontro um artigo muito interessante sobre o relato da viagem que o poeta Matsuo Bashô empreendeu pelo Japão.
Howard Norman segue as pegadas de Bashô percorrendo o caminho que muitos devotos seguem desde então.
“Durante alguns meses de 1684, Bashô fez uma viagem para oeste de Edo (Tóquio), que deu origem ao seu primeiro relato de viagens. Na época de Bashô, viajava-se a pé, e o alojamento era precário. Porém, apesar desses rigores, o poeta voltou a partir em 1687 e uma terceira vez em 1687-1688. Os relatos dessas jornadas foram escritos num género que Bashô apurou – haibun, uma mistura de haiku e prosa. As histórias poéticas da viagem e as duras estadas que as inspiravam davam brilho à reputação de Bashô.”
Foi esta jornada repleta de episódios maravilhosos que produziu a sua obra-prima – “O Caminho Estreito”.
"O Grande Caminho não é difícil para os que não têm preferências.” Terceiro patriarca