Ontem estive em casa de uns familiares num almoço de família. Durante esse periodo observei uma das pessoas presentes que trouxe para a hora da refeição os seus mais recentes problemas.
Devido à dimensão desses problemas e também à sua gravidade, não mais parou de falar dominando toda a refeição.
Tanto sofrimento, tanta angústia. Vive num ambiente de invejas, raiva, luta, amargura, decepção e sei lá o que mais. Como seria de esperar não aproveitou convenientemente a refeição, que com tanto trabalho preparou para toda a família. Todos os outros pediam baixinho que se cala-se.
Ao ver-me envolvida nesta situação e estando presente ao momento, pensei o quão difícil é ver-nos livres dos nossos velhos hábitos, pois viver e cultivar todos estes sentimentos negativos, e querendo-os ou não, temos que ter consciência deles, identificá-los, para depois os conseguir tranformar em sentimentos mais positivos. É chamada compustagem de sentimentos transforma-se lixo em adubo para dar lindas plantas.
E então, questionei-me como deveria introduzir agora o amor e a compaixão?, eu sabia que a estória que estava a ser contada era séria e muito forte e tinha as suas raízes de raiva bem vincadas no terreno da discórdia.
Digo-lhe que se cale que estou farta de ouvir tanto ruído, num almoço que deveria ser de sossego?
Ao reflectir nestas duas questões pensei que esta pessoa sofria muito e que deveria viver muito só e com imensa falta de amor, e que estando perante tantas pessoas resolveu desabafar e num acto de desepero e pedir socorro. Nesse instante já não senti mais desprezo e achei que poderia ser um acto de compaixão ouvir em silêncio e com todos os meus sentidos toda a estória, e ao mesmo tempo desejar-lhe muito amor. Decidi pôr em prática o ouvir em consciência, proporcionando-lhe desse modo paz.
O resultado foi interessante pois com o passar das horas essa pessoa começou a ficar mais calma e de algum modo a tentar encontrar um meio para resolver tanta confusão.
Sua Santidade Dalai Lama diz que: “ A cólera e o ódio destroem a paz interior. A compaixão, o perdão, a fraternidade, o contentamento e a auto-disciplina são a base da paz, tanto interior como exterior. A paz duradoura só pode existir se se tiverem reforçado estas qualidades. É a isto que eu chamo desenvolvimento espiritual ou, por vezes, desarmamento interior. Na realidade, a todos os níveis da nossa existência – familiar, social, profissional e político – é deste desarmamento interior que a humanidade precisa.”
Todos podemos contribuir para que tal aconteça e são muitos os caminhos que podemos percorrer, mas vale a pena pôr em prática todos estes ensinamentos !!
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