O retiro tem como tema o livro publicado pela autora: Let Go, a Buddhist Guide to Breaking Free of Habits.
Informações e inscrições: ubporto@gmail.com
Nascemos com a Mente de Buda não-nascida. Pertence-nos desde sempre, é intrínseca à nossa própria natureza. Tudo o que existe é uma manifestação desta Mente. Nem toda a gente compreende que a sua vida é uma expressão do Não-nascido, mas cada um de nós tenta experienciar esse estado mental natural. Estamos a voltar a casa.
Datas: de 26 de Julho a 1 de Agosto (uma semana)
Local: Centro de Formação Agrícola de Malhadas
(a
Mapa: http://www.capmalhadas.com/
Contribuição: €200
Condições: quartos de 3 camas; refeições vegetarianas
Para se inscrever, envie um cheque de €75 em nome da União Budista Portuguesa para a nossa morada na Rua da Restauração, 463 – 2.º 4100-506 Porto ou faça uma transferência bancária: NIB 0035 0374 0000 164743002 (CGD)
Contacto: 917088371 ou ubporto@gmail.com
O retiro inclui sessões de meditação, palestras, oportunidade para fazer perguntas, entrevistas pessoais com o professor (dokusan) e samu (meditação em acção, ou seja, trabalho! – limpeza, preparação das refeições, etc.)
Os nossos retiros são abertos a qualquer um. Ou seja, não é preciso ser budista, nem sequer de ter a intenção de se tornar budista, para participar. Principiantes e praticantes com mais experiência são igualmente bem-vindos.
O Centro de Formação funciona como uma quinta, inserida em plena natureza, no Parque Natural do Douro Internacional.
http://www.impactus.pt/douro_internacional.htm
Amy Hollowell nasceu em Minneapolis, nos Estados Unidos, em 1958. Emigrou para França em 1981 no final dos seus estudos universitários. Actualmente é jornalista num quotidiano internacional com sede em Paris. É também poeta - os seus poemas foram publicados nos Estados Unidos e na Europa. Começou a estudar o Zen com Roshi Catherine Genno Pagès em 1993 e ensina sob a sua direcção desde o ano 2000. Recebeu a transmissão do Dharma em 2004.
O que é um retiro?
http://zen-pt.blogspot.com/2007/05/o-que-um-retiro.html
O que é o Zen?
http://zen-pt.blogspot.com/2007/05/o-que-o-zen.html
Porquê meditar?
Somos o que pensamos.
Tudo o que somos provém
dos nossos pensamentos.
Com os pensamentos
Fazemos o mundo
(do Dhammapada)
(texto cortesia de Open Way Zen, traduzido por José Eduardo Reis)
O Zen é um ramo do budismo que se desenvolveu na China (aí conhecido por Chan) e faz parte de uma antiga tradição com 2.500 anos fundada por Siddharttha Gotama. Este viria a ser conhecido por Buda, que significa simplesmente o “desperto”, e que viveu e morreu como um ser humano e não como um deus objecto de veneração. O Chan irradiou da China para a Coreia (aí conhecido por Son), para o Japão (por Zen) e para o Vietname (por Thien). Nos últimos quarenta anos, aproximadamente, criou raízes em muitos outros países.
Um retiro é uma oportunidade de clarificar e aprofundar o que é realmente essencial para cada um de nós. Num retiro budista, tentamos criar as condições exteriores e interiores que nos permitem afastar-nos da agitação e dispersão da nossa rotina, de forma a podermos realmente descontrair e abrir. O ambiente envolvente, as práticas de harmonização corpo-mente, as refeições vegetarianas, o diálogo, o silêncio, reflectem esta procura de uma maior simplicidade e este processo de redescoberta de nós mesmos.
Com o desenrolar do retiro, atenuam-se as barreiras que separam o eu, o outro, o mundo. À medida que nos soltamos, a tranquilidade e a quietude dá lugar a mais disponibilidade, amplitude, alegria e mesmo gratidão. A tranquilidade faz emergir a apreciação pelas pequenas coisas e os gestos simples – os sons, os sabores, os cheiros, as sensações, o estar consigo, o estar com os outros.
Um retiro oferece a oportunidade de experienciar a vida de uma forma mais leve e receptiva. Ao estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com os outros, refinamos a nossa habilidade para nos ocuparmos de nós, dos outros e do mundo, com mais compaixão e sabedoria.
O Mestre disse-me: Todos os Budas e todos os seres sensíveis não são nada mais do que Uma Mente, para além da qual nada existe. Esta Mente, que não tem princípio, é não-nascida e indestrutível. Não é verde nem amarela, não tem forma nem aparência. Não pertence à categoria das coisas que existem ou não existem, nem pode ser pensada em termos de nova ou velha. Não é comprida nem curta, não é alta nem baixa, pois transcende todos os limites, medidas, nomes, traços e comparações. É aquilo que vês diante de ti – começa a raciocinar sobre isso e já estás a cair em erro. É como o vazio ilimitado que não pode ser concebido ou medido. A Uma Mente é o Buda, e não há distinção entre o Buda e os seres sensíveis, apenas os seres sensíveis estão apegados às formas e procuram a budeidade no exterior. Ao procurá-la, perdem-na, pois é usar o Buda para procurar o Buda e usar a mente para compreender a Mente. Mesmo que dêem o seu melhor durante todo um éon, não conseguirão atingi-la. Não sabem que, se pararem o pensamento conceptual e esquecerem a ansiedade, o Buda surgirá á frente deles, pois esta Mente é o Buda e o Buda é todos os seres vivos. Não é pior manifestar-se enquanto ser sensível, nem melhor manifestar-se enquanto Buda.
O Segredo: “Podes controlar os teus pensamentos.”A resposta dela é tão espantosamente clara e simples, não é? :) Outro ponto:
O Trabalho: “Não és o pensador. Não é possível suprimir os pensamentos negativos. Mas quando os questionas, eles largam-te.”
O Segredo: “Podes manifestar os pensamentos positivos enquanto realidade.”(na verdade, ela diz "you’re home free" o que é uma forma muito budista de se exprimir :) Também adoro um episódio que ela conta em que encontra amigos que não via há muito tempo e que lhe perguntam pela mãe. Ela responde: "Está óptima. Morreu." Claro que os amigos se sentiram desconfortáveis. Mas eu percebo-a muito bem. Há algum tempo recebi uma chamada em que alguém obviamente pesaroso me comunicava a morte de uma amigo. Não tive coragem de o dizer alto, mas o meu primeiro pensamento foi: "fantástico! que bom! agora o P. vai poder seguir viagem!"
O Trabalho: “A realidade já é o melhor a manifestar-se. Quando realizas isto, és livre."
Repousemos na frescura inalterada do momento presente. Mathieu Ricard
Muito Zen, não é? :)
Ontem estive em casa de uns familiares num almoço de família. Durante esse periodo observei uma das pessoas presentes que trouxe para a hora da refeição os seus mais recentes problemas.
Devido à dimensão desses problemas e também à sua gravidade, não mais parou de falar dominando toda a refeição.
Tanto sofrimento, tanta angústia. Vive num ambiente de invejas, raiva, luta, amargura, decepção e sei lá o que mais. Como seria de esperar não aproveitou convenientemente a refeição, que com tanto trabalho preparou para toda a família. Todos os outros pediam baixinho que se cala-se.
Ao ver-me envolvida nesta situação e estando presente ao momento, pensei o quão difícil é ver-nos livres dos nossos velhos hábitos, pois viver e cultivar todos estes sentimentos negativos, e querendo-os ou não, temos que ter consciência deles, identificá-los, para depois os conseguir tranformar em sentimentos mais positivos. É chamada compustagem de sentimentos transforma-se lixo em adubo para dar lindas plantas.
E então, questionei-me como deveria introduzir agora o amor e a compaixão?, eu sabia que a estória que estava a ser contada era séria e muito forte e tinha as suas raízes de raiva bem vincadas no terreno da discórdia.
Digo-lhe que se cale que estou farta de ouvir tanto ruído, num almoço que deveria ser de sossego?
Ao reflectir nestas duas questões pensei que esta pessoa sofria muito e que deveria viver muito só e com imensa falta de amor, e que estando perante tantas pessoas resolveu desabafar e num acto de desepero e pedir socorro. Nesse instante já não senti mais desprezo e achei que poderia ser um acto de compaixão ouvir em silêncio e com todos os meus sentidos toda a estória, e ao mesmo tempo desejar-lhe muito amor. Decidi pôr em prática o ouvir em consciência, proporcionando-lhe desse modo paz.
O resultado foi interessante pois com o passar das horas essa pessoa começou a ficar mais calma e de algum modo a tentar encontrar um meio para resolver tanta confusão.
Sua Santidade Dalai Lama diz que: “ A cólera e o ódio destroem a paz interior. A compaixão, o perdão, a fraternidade, o contentamento e a auto-disciplina são a base da paz, tanto interior como exterior. A paz duradoura só pode existir se se tiverem reforçado estas qualidades. É a isto que eu chamo desenvolvimento espiritual ou, por vezes, desarmamento interior. Na realidade, a todos os níveis da nossa existência – familiar, social, profissional e político – é deste desarmamento interior que a humanidade precisa.”
Todos podemos contribuir para que tal aconteça e são muitos os caminhos que podemos percorrer, mas vale a pena pôr em prática todos estes ensinamentos !!
A nossa prática do Dharma só pode beneficiar o mundo. Conforme as nossas mentes se purificam dessas forças que criam sofrimento, os hábitos de cobiça, ódio e ignorância, o mundo fica mais liberto das muitas consequências desses estados mentais. Mas o que é necessário para ir da compreensão de que a nossa prática inevitavelmente ajudará outros até fazer da felicidade dos outros a nossa motivação para a prática? Conhecendo as nossas próprias limitações, poderemos realisticamente colocar esta motivação logo no princípio? E qual o efeito de o fazer?
Um ponto de viragem para mim na abertura a esta possibilidade ocorreu num retiro Dzogchen. Nyoshul Khen Rinpoche deu ensinamentos sobre bodhicitta relativa e absoluta. Bodhiccita significa literalmente “coração/mente desperta”. No plano relativo é compaixão, expressa no voto de bodhisattva de salvar todos os seres; é a aspiração para despertar da ignorância de forma a viver para o benefício de todos os seres. No plano absoluto, bodhiccita está para além dos conceitos de eu e o outro. É a natureza desperta e vazia da própria mente. Quando Rinpoche ensinava estes dois aspectos – compaixão e vacuidade – houve um momento inesperado de compreensão quando percebi que o plano relativo é a expressão do absoluto: a compaixão é a actividade da vacuidade. De repente o grande e aparentemente impossível fardo de “alguém” (eu!) a ter de salvar todos os seres dissolveu-se na grande arena expansiva da acção altruísta e compassiva. A acção compassiva é a reacção natural à consciência livre do eu: não há ali ninguém a fazer alguma coisa.
No seu ensinamento sobre o homem (ou mulher) sem dependência, Rinzai, mestre Zen chinês do século IX, expressou a criatividade e ilimitado potencial de uma pessoa aprisionada pela noção de eu:
Se um homem me vem perguntar pelo Buda, como homem sem dependência, apresento-me em estado de pureza e limpeza. Se pergunta por um Bodhisattva, apresento-me num estado de compaixão e benevolência. Se pergunta por Bodhi – a verdadeira sabedoria – apresento-me num estado de pureza e delicada humildade. Se pergunta pelo Nirvana – a iluminação completa – apresento-me num estado de total serenidade. Embora haja centenas de milhar de estados, enquanto homem sem dependência, sou sempre o mesmo. Portanto a minha apresentação de vários estados de acordo com os requerimentos é apenas como a Lua que livremente apresenta as suas imagens na superfície da água.
Joseph Goldstein, One Dharma
em Coimbra: 27 Maio 2007, às 15h00
(Coimbra) Rua Daniel de Matos, n.º 10 – 3.º esq. Bairro Norton de Matos
Coimbra: 91 9522724 (Maria Amélia)
Material: trazer roupas largas e confortáveis
"O Grande Caminho não é difícil para os que não têm preferências.” Terceiro patriarca